ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 26-8-2003.

 

Aos vinte e seis dias do mês de agosto do ano dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia do Corretor de Imóveis, nos termos do Requerimento nº 132/03 (Processo nº 3543/03), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador Elói Guimarães, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Carlos Alberto Schmitt de Azevedo, Presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis; o Senhor Flávio Koch, representante do Senhor Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis – CRECI; o Senhor Edmundo Carlos de Freitas Xavier, Corretor Emérito do Brasil. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PT, PMDB e PSB, ressaltou a relevância dos corretores de imóveis para o País, frisando que a sociedade vive um tempo de valorização profissional da categoria e lembrando a importância do preparo para o exercício dessa atividade. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, congratulou o Vereador Isaac Ainhorn pela proposição da presente Sessão e saudou seu pai, Senhor Ivo Pujol, militante dessa categoria profissional, estendendo a todos os corretores de imóveis a presente homenagem. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Edmundo Carlos de Freitas Xavier, que destacou a justeza da homenagem hoje prestada por esta Casa ao transcurso do Dia do Corretor de Imóveis. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e onze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia do Corretor de Imóveis. Compõem a Mesa o Sr. Carlos Alberto Schmitt de Azevedo, Presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis; o Sr. Flávio Koch, representante do Presidente do CRECI; e o Sr. Edmundo Carlos de Freitas Xavier, Corretor Emérito do Brasil.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Isaac Ainhorn, proponente desta homenagem, está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o PDT, e das Bancadas do PT, PMDB e PSB.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente desta Casa, no exercício da presidência, Ver. Elói Guimarães. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero saudar o fraternal companheiro e amigo Sr. Manoel Gervásio Teixeira, Presidente do CRECI, sabemos que sua ausência decorre por motivo de viagem, tratando assuntos de interesse da categoria, se não, com certeza, estaria aqui conosco.

Queremos dizer que esta Casa, mais do que bicentenário Legislativo da cidade de Porto Alegre, honra-se, neste momento, de prestar a sua homenagem aos corretores de imóveis que têm um papel essencial no processo produtivo de nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País.

Saudamos, também, neste momento, a presença dos meus colegas de Câmara: Ver. Wilton Araújo e Ver. Reginaldo Pujol.

 Eu dizia que a profissão, a atividade do corretor de intermediação remonta à antigüidade e ganha, na contemporaneidade, o caráter da profissionalização.

Felizmente, em nosso País, a profissão, mercê de um trabalho da categoria de corretores de imóveis, sobretudo do Rio Grande do Sul, e não se trata de bairrismo, e de muitos dos que estão aqui presentes, ela hoje é regulamentada por força de Lei Federal, do eminente Deputado Arnaldo da Costa Prietto, que se constitui numa figura extremamente importante e querida na categoria dos corretores de imóveis.

Nós vivemos num tempo, que eu diria, altamente positivo, de alto astral da categoria, de valorização profissional, e esta Casa não poderia estar alheia a esse processo de valorização profissional, e não foi por acaso, isso também não se deu por força de lei, de decreto ou da vontade do legislador, é que as operações imobiliárias não se realizam e não se concretizam sem a figura fundamental e essencial do corretor de imóveis no processo da realização da operação imobiliária, porque sem ele não acontece. Hoje já as faculdades valorizam a importância do processo do preparo, por meio de matéria curricular. Nós mesmos, aqui em Porto Alegre - não é Carlos Alberto? – lutamos pela configuração do corretor de imóveis, com atividade dentro da função pública, e não é cabide de emprego, é a valorização de um profissional na avaliação do imóvel. Quem tem noção para avaliar imóvel é o corretor, porque tem a sensibilidade na pele, na epiderme, no cotidiano, daquilo que vale, daquilo que não vale e do quanto vale em cada região, cada imóvel, e nós sabemos o quanto é importante a atividade da construção civil. Eu tenho observado que - e aí eu valorizo mais a categoria, e não é confete aos senhores, que estão aqui presentes, e aos milhares que nos assistem pelo canal de televisão - os grandes empresários da construção estão, cada vez mais, sabendo da importância que tem o corretor de imóveis. A gente observa pela valorização que dão os empresários das grandes empresas ou de qualquer empresa, ao corretor de imóveis, seja na ponta de lá, pesquisando, buscando o terreno, levando o negócio ao empresário, mas também nas duas pontas: a de preparar a venda do terreno que vai ensejar a construção, como lá, na outra ponta, da venda dos imóveis já construídos e prontos.

Eu acho que é um setor da maior importância, em que o corretor de imóveis tem um papel essencial e fundamental, mas, às vezes, é esquecido. Aqui mesmo nesta cidade de Porto Alegre, honramo-nos de ter sido quem firmou essa proposta, mas na realidade, é uma proposta que não é do Ver. Isaac Ainhorn, foi uma proposta da categoria dos corretores de imóveis, e nós incluímos a figura do corretor de imóveis, dentre os integrantes do Conselho Municipal do Plano Diretor, meu caro Leo Rigon. Está lá o Sindicato da Construção Civil, o representante dos trabalhadores, até alguns segmentos da sociedade, que participam desses debates urbanos, e não estava o corretor de imóveis. Nós procuramos corrigir, Jacó, essa distorção, porque é um absurdo. Quem sabe, quem tem a sensibilidade do valor, do que é que vale, do que é que não vale, do que deve ser construído, do que não deve ser construído, do que é “espigão”, do que é “selva de pedra”, do que é humanização, do que não é, do que é infra-estrutura, do que é saneamento urbano, é o corretor no seu cotidiano, na sua vida. Esse é o seu dia-a-dia, não é verdade?

É por isso que esta Casa... Eu fiz o requerimento, e a sensibilidade do conjunto dos Vereadores autorizou, mas eu acho que nós temos de incluir – aqui, apelo aos Vereadores que são muito ligados à categoria, como é o caso do Ver. Reginaldo Pujol, do Wilton Araújo, que se fazem aqui presentes - no calendário oficial, para não ser mais necessário o Ver. Isaac ou o Ver. Pujol ou o Ver. Wilton requererem a Sessão Solene. Nós temos de consagrar a homenagem ao Dia do Corretor de Imóveis, que é o 26 de agosto, nesta Casa. Nesse dia, as entidades ligadas à categoria profissional, juntamente com a Câmara Municipal, farão as homenagens. Nós não estamos fazendo favor nenhum, nós estamos apenas reconhecendo o trabalho dos senhores, e quando o Big Shot - o grande empresário - valoriza, é porque não saem as operações sem ter o corretor de imóveis. Põe comprador e vendedor, eles nunca vão se bicar. Quem vai lá puxa para cá, puxa para lá, sente. Tem de ter estudo, preparo e sensibilidade e tem de conhecer tudo. Para começar, tem de ser um bom psicólogo, porque senão não vende nada. Tem de ter a sensibilidade de como chegar, e sensibilidade aquele que se forja na luta de corretor de imóveis tem no dia-a-dia, do mais modesto corretor, daquele que inicia a sua atividade como contato, até o mais qualificado corretor. Hoje, tem de estar inscrito no Conselho, tem de participar. Felizmente, Presidente, Ver. Elói Guimarães, nós chegamos a um momento importante, em que foi, graças a Deus, levantada a intervenção no CRECI, e hoje nós temos lá o Manual Gervase, como intérprete do sentimento do conjunto da categoria. É uma categoria que tem sensibilidade. E aqui eu vejo lideranças fundamentais da categoria, que tiveram a sensibilidade e a grandeza de colocarem de lado eventuais diferenças para se unirem num momento em que há a necessidade da união do conjunto dos corretores de imóveis.

E eu quero dizer aos senhores, ao encerrar esta minha manifestação sincera de apreço, de reconhecimento, aqui nesta Casa, porque ela é uma atividade muito localizada, assim como a construção civil é uma atividade muito localizada, ela é regionalizada. E os senhores viram que a experiência nacional de construção civil deu no que deu. O corretor também, ele tem que conhecer palmo a palmo os seus bairros, as suas ruas, as suas vielas, as dificuldades das vilas, daquilo que existe de subabitação, que tanto nós queremos corrigir. Por ser muito regionalizada, meu caro Carlos Alberto, meu caro Freitas, Koch, nós temos que ter a sensibilidade de buscar, assim como vocês estão tendo, sugestões para nós aprimorarmos, para criarmos uma parceria maior com o Legislativo Municipal e com o Executivo, que também tem que vir. Assisti, esses dias ao Prefeito fazendo uma exposição sobre a questão da habitação popular da cidade de Porto Alegre numa das reuniões-almoço dos senhores. Nós temos que ter a sensibilidade dessa integração e desse entrosamento, buscando qualificar, aprimorar, e valorizar esse mercado de trabalho. Nós só estamos melhorando as condições de vida e a qualidade da nossa Cidade. Muito obrigado, e parabéns a todos os corretores de Porto Alegre e do nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Fala em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Exmo. Vereador Elói Guimarães, neste ato presidindo os trabalhos desta Câmara Municipal na homenagem que a Casa, por iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn, realiza ao transcurso do Dia do Corretor; Sr. Carlos Alberto Schmitt de Azevedo, Presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis; caro Sr. Flávio Koch, representante da presidência do CRECI; Sr. Edmundo Carlos de Freitas Xavier, meu particular amigo, companheiro de velhas jornadas, Corretor Emérito do Brasil, com toda a justiça; Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores, autoridades presentes, meu caro amigo Ver. Isaac Ainhorn, a quem eu já me referi como grande mentor desta homenagem. Eu quero, Ver. Elói Guimarães, desde logo, lhe pedir clemência. Se eventualmente eu vier a desrespeitar o tempo que me será concedido, eu peço a V. Exa. uma tolerância, pois eu estou visivelmente emocionado neste momento. E sabe V. Exa., que comigo ombreia as causas públicas de longo tempo, que eu sou muito epidérmico e muito emotivo. Eu não posso ver festejar fatos que dizem respeito à regularização da atividade de corretor de imóveis sem lembrar daquele que, a meu juízo, foi o maior corretor de imóveis do mundo. Eu gostaria de tê-lo hoje aqui conosco para homenageá-lo; lamentavelmente ele não está: o Sr. Ivo Pujol, que o Xavier conhece muito bem. (Palmas.) Algum tempo atrás, há poucos dias, eu falava com o Teixeira, que coloca no seu currículo grandes feitos, sendo que o principal foi ter me vendido o primeiro imóvel que adquiri, quando contraí casamento, e ele lembrava algumas coisas do passado, das quais eu participei muito diretamente, até porque se, de um lado, a lembrança saudosa do meu pai me dá esta emocionalidade, de outro, eu tenho orgulho de saber que nada disso que hoje aqui está acontecendo seria festejado não fosse o tirocínio de um homem que é o meu mentor político: o Dr. Arnaldo da Costa Prietto. O Xavier sabe muito bem, ele, que foi pioneiro nessa luta, do empenho do Dr. Prietto, da sua sensibilidade, no sentido de regulamentar essa atividade e fazer com que o meu pai pudesse, portar, nos derradeiros anos da sua vida, orgulhosamente, a carteira de corretor de imóveis devidamente legalizada. Por isso eu falo com muita emoção na tarde de hoje.

E se não bastasse tudo isto que eu estou dizendo, se não bastasse eu ficar feliz em encontrar aqui o Benardino Vendruscollo, grande parceiro de muitas jornadas, há uma razão maior, Ver. Isaac Ainhorn - isso eu acho que V. Exa. preparou de presente para mim -: V. Exa. coloca aqui na Casa, no dia de hoje, ninguém mais ninguém menos do que o meu colega de Clássico no Colégio Ruy Barbosa, o Aldo Mastrangelo, aquele que, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro é o representante que nos recebe na Rua Sepé, lá em Capão da Canoa, garantindo o cafezinho, a fidalguia, a amizade e sobretudo a vivência de quem, colegas de longa data, podem discutir coisas que outros não discutiriam se não tivessem a intimidade que nós temos.

Por isso, quero, naturalmente, dizer a todos vocês o seguinte: o meu discurso está um pouco desconexo. Quando a emoção transborda, o raciocínio fica um pouco comprometido. Mas quero deixar que o meu coração fale porque eu tenho muito orgulho de ser filho de corretor e tenho muito orgulho de, nos meus tempos de acadêmico, quando precisava de dinheiro para pagar a faculdade, ter ajudado o meu pai a fazer alguns agenciamentos em algumas vendas, com os quais punha em dia a faculdade, rigorosamente cobrada pelo Irmão Otão na ocasião.

Este orgulho eu vou carregar por muito tempo, até porque, como liberal, como homem que defende ardorosamente a possibilidade de as pessoas trabalharem com liberdade, não posso encontrar, em nenhum outro exemplo, em nenhuma outra atividade, na qual a produção, a capacidade, a inteligência, a qualificação sejam elementos preponderantes para a ação senão na corretagem de imóveis. Que não é uma simples aproximação entre o comprador e o vendedor, o Ver. Isaac Ainhorn disse bem; um corretor de imóveis, especialmente nos tempos atuais, tem que ser uma pessoa qualificada, tem que conhecer o mercado, tem que conhecer rudimentos, pelo menos, da construção civil, para aconselhar, num sentido ou no outro, aquele cliente que quer vender ou que quer comprar.

E como todos nós sabemos, no mundo capitalista as coisas todas se colocam entre uma compra e uma venda. O próprio exercício da nossa condição de Vereadores nesta Casa, Ver. Wilton Araújo, é uma “venda” que nós fizemos para o eleitor, que confia em nós, “compra” a idéia de que nós podemos ser seu bom representante, e para isso nós temos até um cabo eleitoral, que é o nosso corretor, é o que nos aproxima do eleitor.

Se tudo isso nós reconhecemos, não é difícil, não precisa ser filho de corretor, não precisa ser uma pessoa emotiva, não precisa ser uma pessoa alegre para reencontrar colegas antigos, para reconhecer que o dia de hoje, Ver. Isaac Ainhorn, foi muito importante para esta Casa. Esta Casa fez justiça a uma categoria profissional que merece o nosso respeito, a nossa admiração e o nosso carinho.

Meus parabéns, dirigentes da categoria! Meus parabéns, corretores do Rio Grande! Vamos em frente, pois o trabalho que iniciaram no passado, alguns vanguardeiros, onde o Sr. Xavier despontava, no qual meu pai deu alguma colaboração, precisa ser consolidado muito mais ainda. E não faltam valores qualificados nessa categoria para honrar a iniciativa de Arnaldo Prietto de legalizar essa categoria e fazer com que seja reconhecida para todo o sempre como uma feliz iniciativa que fez justiça a uma bela categoria profissional! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Neste momento, convidamos o Sr. Edmundo Carlos de Freitas Xavier, Corretor Emérito do Brasil, para fazer uso da palavra em nome dos homenageados.

 

O SR. EDMUNDO CARLOS DE FREITAS XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu fui, numa ocasião, a um congresso no Brasil Central, em Campo Grande, e falava o Ministro Arnaldo da Costa Prietto. Ele iniciou a sua oração com um recurso de oratória, já mais ou menos conhecido, que é a visita que o Cardeal fazia às obras da Catedral de Notre-Dame. O Cardeal se dirigiu a um pedreiro e perguntou: “O que tu estás fazendo, meu caro?” “Eu estou fazendo uma alvenaria, o senhor não está vendo?” “Não, tudo bem, uma alvenaria.” Perguntou a um outro mais adiante: “O que você está fazendo?” Ele disse: “Eu estou fazendo a Catedral de Notre-Dame!” Quando o Ministro chegou a essa altura de seu discurso, pulou o Presidente do Congresso, o colega Heitor Rodrigues Freire, e disse: “Mas, Ministro, Vossa Excelência acaba de perturbar o meu discurso que é após o seu!” Ele disse: “Por que, meu caro?” “Porque o senhor me tomou essa idéia da Catedral, que está aqui no meu discurso!” E o Ministro Arnaldo da Costa Prietto disse: “Nada mais que uma comunhão de idéias.”

Por que eu refiro a esse fato? Porque ouvindo o Ver. Isaac Ainhorn, ouvindo o Ver. Reginaldo Pujol, filho de um fundador do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio Grande do Sul, um amigo de muitos anos, eles têm tanta intimidade, sabem tanto a respeito da nossa categoria, das nossas lutas, das nossas conquistas e dos nossos tombos que, praticamente, eles desenvolveram aqui toda a idéia que fazia parte da minha oração. Mas isso é comunhão de idéias, realmente, comunhão de idéias!

O que aconteceu nesse tempo, que não é tão curto assim, que são mais de 30 e já vai para 40 anos? O mercado imobiliário brasileiro era um mercado relativamente acanhado. O corretor de imóveis, graças à luta dos nossos primeiros líderes sindicais, conseguiu uma regulamentação profissional, Lei nº 4.116 de 1963, em que o corretor de imóveis não necessitava de nenhum preparo, de nenhuma qualificação. Ele apresentava documentos, negativas de ações cíveis e criminais, protesto de títulos - o que se exigia no Código Comercial para o exercício do comércio, também se exigia para o corretor de imóveis. Essa regulamentação satisfez, por algum tempo, uniu a categoria profissional, despertou essa consciência profissional, mas ela não era o bastante. Tanto não era que aí pelos idos de 1972, 1973 o Sindicato dos Advogados do então Estado da Guanabara argüiu a sua inconstitucionalidade; por quê? Porque nenhum preparo se exigia para a formação de um corretor de imóveis. A coisa tinha aspectos inequívocos das corporações de ofício, aquilo parecia uma “igrejinha”, como se diz vulgarmente, onde apenas alguns privilegiados - era um entendimento da sociedade, especialmente do Poder Judiciário nos freqüentes debates que se feriram no Supremo Tribunal, porque era uma argüição de inconstitucionalidade -, era uma “panela”, como se dizia; que dizer, um corretor se registrava e só ele podia exercer a atividade de corretor e não precisava nenhum preparo para aquilo, nenhuma qualificação; era uma corporação de ofício disfarçada, muito pouco disfarçada. E a Lei caiu. Nesse momento, nós, praticamente, nascíamos nessas atividades classistas e começamos a trabalhar arduamente junto com o Ministro Arnaldo da Costa Prietto e com outras lideranças políticas da ocasião, no sentido de elaborar uma nova legislação. Épocas difíceis, épocas de regime de exceção. Havia ocasiões que nós chegávamos lá e o Congresso estava fechado, depois abria, depois tinha o Ministro Fulano de Tal, tinham os que não queriam a regulamentação da profissão de corretor de imóveis, havia uma luta com os engenheiros por causa das avaliações, havia uma luta com os advogados, porque queriam o exercício simultâneo da profissão de advogado com corretor de imóveis; havia os economistas; enfim, muita gente nos criando dificuldades que foram, em função do diálogo sendo transpostas gradativamente. E, no final, conseguimos o melhor que se pode conseguir naquele momento, que foi a Lei nº 6.530 de 12 de maio de 1978.

Qual a diferença entre uma coisa e outra? A consciência profissional não dependia tanto de lei, mas ela já tinha sido despertada pela Lei antiga que criou também os conselhos, que estimulou a criação de associações profissionais, os sindicatos já existiam, eram mais antigos, mas a diferença fundamental, e o Ver. Isaac Ainhorn tocou nisso com muita propriedade, foi a obrigatoriedade da qualificação do profissional. Isso somado à complexidade do mercado, onde já apareciam os financiamentos, já aparecia a necessidade do corretor saber alguma coisa de Legislação Fiscal, de Legislação Municipal, de Plano Diretor, como funcionavam aqueles mecanismos do BNH; essa complexidade somada à necessidade de qualificar o profissional é que vai fazer essa diferença que na prática se nota da seguinte forma: eu comecei a trabalhar com o Gilberto Sclovsky em 1956, 1957, quando criamos, os dois, a Habitat Comércio de Imóveis. Naquela época, vejam que o Sindicato já existia há muitos anos, mas naquela época não era qualquer família que abria as portas da sua casa para um corretor de imóveis. E, hoje, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, uma entidade desse porte, desse peso, um Parlamento dessa respeitabilidade faz uma Sessão homenageando os corretores de imóveis. O que aconteceu nesse ínterim, foi, exatamente, a qualificação do profissional, se tornando um elemento extremamente útil dentro deste processo de intermediação, que é um processo que se tornou bastante complexo.

Fizemos, aqui, no Rio Grande do Sul, por intermédio do Sindicato, o primeiro curso técnico de Transações Imobiliárias obrigatório por essa nova Legislação. Evidentemente eu não estou dizendo isso para os corretores, porque eles sabem perfeitamente, mas para quem nos vê e nos ouve, já que a nossa Sessão também é televisionada. Não estou dizendo isso para o Ver. Isaac Ainhorn, nem para o Ver. Wilton Araújo, nem para o Ver. Reginaldo Pujol, porque eles sabem mais sobre a nossa Legislação do que nós mesmos. Mas é uma condição sine qua non, para que se faça o registro de um corretor de imóveis no seu Conselho, a formação profissional nesse curso técnico em Transações Imobiliárias, criado com a Lei, e obrigatório, e que, aqui, no Rio Grande do Sul, como dizia, nasceu, por influência do Sindicato, dois anos antes da Lei na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Sindicato pagava a folha dos professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professores que não existiam no quadro da Universidade para as matérias específicas do Curso de Corretores de Imóveis.

Hoje, temos 12 cursos funcionando no Rio Grande do Sul, sendo esses de nível médio e sete cursos funcionando em nível universitário, de Terceiro Grau, os agentes imobiliários, os gestores imobiliários.

Ainda, recentemente, estivemos em Caxias e Santa Cruz do Sul assistindo a formaturas e aulas desses cursos de Agentes Imobiliários de nível universitário. Essa qualificação, a complexidade do mercado, a consciência profissional, o desenvolvimento da ética e as entidades classistas trouxeram o respeito da sociedade.

E é por isso que hoje uma Câmara Municipal, do porte da Câmara de Vereadores da cidade de Porto Alegre, presta esta homenagem aos corretores de imóveis e se registram, aqui, palavras brilhantes e tocantes, emocionantes dos oradores que me antecederam.

Nós temos todas as razões para nos sentirmos prestigiados, lisonjeados, sensibilizados por esta manifestação e pela autenticidade da manifestação. A partir das palavras do Ver. Reginaldo Pujol, se nota que há emoção, que há sinceridade nessas manifestações, e isso é muito bom para nós.

Agora, não descuidemos da nossa formação. O Corretor só terá o respeito da sociedade, só terá o respeito dos seus clientes, só será requisitado, só será necessário, na medida em que ele for útil e competente dentro desse processo.

Não se descuidem as nossas lideranças e não se descuidem os nossos colegas. Estejamos sempre acompanhando até onde possível essa evolução e assim nós teremos o respeito e poderemos almejar dias tranqüilos, mais tranqüilos e mais eficazes, porque, nesse momento, são muito acanhados os investimentos que o País faz na área imobiliária, especialmente, na área imobiliária habitacional.

Mas tudo isso são fases que já nos acostumamos a ultrapassar.

Em nome dos colegas, em nome das entidades que represento, em meu nome próprio, agradeço sensibilizado e penso que, com isso, interpreto a posição de todos os senhores nesta homenagem que nos presta a Câmara de Vereadores da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Já nos dirigindo para o encerramento da presente Sessão, da presente homenagem, devo dizer, rapidamente, que este Vereador estava inscrito para fazer a sua manifestação em homenagem aos corretores, mas as circunstâncias e uma posição hierárquica na Mesa da Casa me trouxe aqui, para minha honra, para presidir os trabalhos. Quero dizer aqui aos nossos corretores e corretoras que este Vereador tem uma pequena experiência nessa área profissional tão importante de corretor de imóveis, quando no final da década de 60, início de 70, teve a oportunidade de ter um modesto escritório na Zona Norte, em que o corretor era este Vereador. Inclusive, tive a oportunidade também de me inscrever - sim, inscrito - no Conselho de Corretores de Imóveis do Rio Grande do Sul. Devo dizer, Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa., que nos convoca para esta magnífica e bela Sessão, que muito aprendi, porque, para ser corretor de imóveis, tem de ter talento, tem de ser um profissional, porque este desempenha uma missão, uma função extremamente importante, pois faz a intermediação e toca a roda da economia, pois as transações, enfim, os negócios imobiliários são um fator extremamente fundamental para o desenvolvimento da Cidade. Ele é um gerador de tributos e tem todo um preparo, porque as suas relações na sociedade, nos negócios o transformam num profissional que aconselha, e isso estabelece para o conjunto dos negócios uma segurança, pois, via de regra, aquele que pretende vender um imóvel procura um escritório, procura um corretor, que examina a documentação e passa, após a análise e exame sob todos aspectos, a ofertar o produto, a mercadoria para as pessoas. E aí vem o comprador, e o corretor mostra as qualificações do imóvel. É uma profissão extremamente participativa, na medida em que estabelece exatamente essa relação, esse intercâmbio entre as partes, como disseram os oradores que falaram em nome da Casa. Se não fosse a presença importante desse profissional, por certo os negócios não aconteceriam.

Estamos hoje aqui prestando esta homenagem na Casa, fazendo um registro extremamente importante, chamando atenção para a importância deste profissional que estabelece o consórcio, a relação, o intercâmbio entre comprador e vendedor. Isso desenvolve a nossa economia.

Então, queremos aqui, antes de convidarmos para que todos em pé ouçam e cantem o Hino Nacional, queremos dizer da grande satisfação que temos, todos aqui, em nome da Casa em recebê-los nesta tarde, e, em nome da cidade de Porto Alegre, agradecer o papel, a importância que o corretor, a corretora de imóveis têm para o desenvolvimento de Porto Alegre e para o Estado do Rio Grande do Sul. Estão de parabéns, portanto, as entidades e os corretores do Estado Rio Grande do Sul nesta data em que se comemora, por assim dizer, o seu dia.

Neste momento convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a presença de todos e damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h11min.)

 

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